30.8.10

Vida de Boneca.

Agora era tarde, as coisas acontecem, ninguém sabe porquê. Existem só ponto de vistas não razões. Mariana acordou e, enquanto tomava café, teve uma lembrança esquisita. Sentiu saudades de sua casa de bonecas e pensou que apesar de humana, 22 anos, muito bonita e com uma extensa lista de pessoas com quem ela já se relacionara, as bonecas viveram com mais intensidade e leveza que ela. A ruiva Kimberly, por exemplo, sempre fora feliz em seus relacionamentos, quando era traída, havia a certeza que alguma catástrofe iria acontecer com o cafajeste, normalmente um carro atropelava-o ou ele caía de um lugar alto. Sua vida sexual era um jardim de rosas, nunca tivera que simular um orgasmo se quer, e todos seus parceiros tinham as características de seu homem perfeito. Eram bonitos, com sorrisos branquíssimos, barrigas tanquinho e falavam pouco. Além de não saírem pra beber cerveja, ouviam sempre ela, e possuíam dinheiro inexplicavelmente infinito.
Julia, a loirinha, nem se fala, então. Vivia de luxo, com um marido per-fei-to. Ela sentia amor de verdade por ele, sim, porque era assim que Mariana queria. Uma vez, Julia teve um bebê, e o genial é que ele nascera já com 4 anos, todo bonitinho e fazendo mil coisas fofas.
Mariana sentiu inveja da vida de suas bonecas, lá os relacionamentos começavam, acabavam ou eram eternos, sempre da forma ideal e bonita que Mariana tinha na cabeça. "Por que as bonecas tem direito à essa vida e eu não?", ela pensava. Queria aqueles peitos empinados e a bunda redondinha também. Queria estar sempre sorrindo e nunca, nunca, nunca ter problemas. Mas, acima de tudo, queria não ter de sofrer. Eram nove horas da manhã. Mariana tomava seu café com uma dorzinha lá no peito, e uma vontade de viver como uma boneca, dentro daquela casinha classe média, cheia de uma felicidade, de plástico.
-
Olhando dessa forma, idealizar o amor não é tão grande coisa assim, apesar de algumas pessoas ainda insistirem e sonharem com uma vida bonita...e de plástico. Hoje é terça feira, tinha começado a escrever isso ontem, mas por motivos de força bem maior, não pude terminar. Os motivos foram bons. Agora finja que eu sou o seu mestre e ouça Sonic Youth a semana inteira. Boa noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário