23.9.10

I♥Pain.

Você se lembra ainda de quando sentia no meu perfume o aroma da certeza que o amor era? Faz dias que não tocamos nossos lábios com desejos recíprocos. Você aspira separá-los, eu fundí-los. Gosto de pensar que ainda é como sempre foi. Nós dois sentados na grama, e você me contando sobre as coisas que fazia durante a semana, eram sempre tão chatas e desinteressantes, mas eu me apaixonava por cada movimento da sua boca, e, cada som que ela emitia, vinha suave aos ouvidos, uma melodia doce e tranquila. Segurava sua mão, e sabia que você podia me levar pra qualquer lugar, que eu estaria feliz. Seus olhos, quando entravam nos meus, entravam cheios de sinceridade, um universo de futuros bons e vidas felizes. Toda a segurança e todo conforto acumulados em sua iris e pupila. Quando brigávamos, era sempre um sim e outro não. A síntese sempre atingida, graças aos opostos, que se atraem, traindo a eles mesmo. Nossos beijos intensos, tensos, fugazes, sempre ao mesmo tempo, um desespero calmo, todo contraditório com uma felicidadezinha bem pequena, que parecia só satisfação, tocando o céu da boca. O seu comportamento duplo, ora homem, ora um menino muito mimado, fazia com que eu não te levasse a sério em nada, só pra ficar tranquila, ficar bem. Nas noites em que não dormíamos, todas elas, era como se provássemos o perigo e o amor, o desejo e a obsessão, o vício e o pecado e, quando sol chegava, você acendia um cigarro e me olhava cair no sono, acariciando meus cabelos com um carinho que não era desse mundo. Nos olhos você tinha confiança, na boca você tinha um desafio, e na voz, uma indecisão tão linda. Mas e agora, Diego? Aonde você está? O que nos tornamos? Só duas pessoas conhecidas que fingem que nunca dormiram juntas, pra não estragar a diplomacia? Por que o "Adoro os seus lábios" foi substituído por um "Bom dia/boa tarde/boa noite" tão seco, tão vazio? Agora que minhas noites são desacompanhadas, adormeço assistindo à televisão (que, mesmo em sua programação noturna, não me supera em melancolia), adormeço pensando em você, em como as coisas eram boas. Não some, não desliga de mim. Ainda tem tanto aqui dentro de mim. Eu preciso de mais uma noite sincera, de mais um beijo apaixonado, de mais um toque suave na minha pele, eu preciso de você.
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Vocês precisam baixar o álbum "Hospice" do The Antlers, já postei algo da banda aqui antes, e ela já serviu de fundo musical pra uns três posts meus. O link pra quem quiser baixar o álbum é esse aqui. O que me levou a escrever esse post, foi uma carta de Napoleão à sua esposa, Josefina, que a Elô colocou no blog dela, o "Vapor e Fuligem". "Adeus, mulher, tormento, felicidade, esperança da minha vida, que eu amo, que eu temo, que me inspira os sentimentos mais ternos e naturais, tanto como me provoca os ímpetos mais vulcânicos do que o trovão. Não te peço amor eterno nem fidelidade, apenas a verdade e uma franqueza sem limites." - essa é talvez a parte que mais gostei. Quem quiser ver a carta inteira é só clicar no nome do blog ali em cima, ou no link que tem do lado direito da tela.

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