22.11.10

Amor, muito, criança♥.

Abraça os brinquedos, a girafa e o rinoceronte eram seus animais preferidos. Era clássico, agradava-lhe o chifre do rino e o pescoço da girafa. Nas suas histórias, eles sempre venciam qualquer coisa, o que quer que fosse. Foi em baixo da cama e pegou a caixinha de plástico em que guardava as cacas de nariz. Olhou pra vermelhinha, manchada de sangue. Dava pra ver que ele estava marrom em algumas partes, lamentou que já fazia tanto tempo. Deixou a caixinha de lado e percorreu o quarto com os olhos. Silencioso, ainda bem que o sol iluminava um pouco o quarto, entrava pela janela fininho, se tivesse mais escuro ia dar vontade de chorar. Cézar tinha tudo pra não sentir, e na maioria das vezes ele não sentia mesmo. Mas existem coisas, fatos, que fazem questão de forçar a cabeça a não funcionar direito. Enxugam qualquer frieza da alma. Aquela ânsia de vomito que ficava só na barriga, só de pensar na situação, Cézar não gostava de sentir isso. Parecia que tinha esquecido alguma coisa no estômago e que puxou com tudo, sem querer. Sério, sentou na cama e ficou balançando as pernas. Se sentiu sozinho, de novo. Sorte que sua mãe o chamou, era hora de almoçar. Saiu devagarzinho do quarto e, antes de encostar a porta, deu mais uma olhadinha, um daqueles impulsos masoquistas, feitos só pra machucar. Não tinha jeito, então continuou devagarzinho até a cozinha. Arroz e carne, só, "e bem pouquinho, mãe". Comeu sem vontade, ninguém percebeu. Chovia, e normalmente as pessoas ficam mais quietas quando chove, mesmo. Tinha alguma coisa na garganta que fazia com que a comida descesse lenta, não dava pra comer muito daquele jeito. Colocou o prato na pia, tomou água e foi pro quarto arrastando os pés. Deitou na cama, talvez estivesse com sono, só. Queria muito dormir, muito, muito. Tirou o tênis, se aconchegou melhor. Olhou pra mão, meio suja. Afastou ela dos olhos, pra não pesar a consciência. Uma suspirada e fechou os olhos, avisando que o sono deveria vir. Apertou Rino um pouquinho, passou o dedo em cima dos chifres, gostava de chifres no nariz. Podia ter um. Fez força com os olhos, deixava eles sem vontade de se abrirem. Umas trêz vezes. Dormiu com uma saudade do caramba. Lembrando que o quarto estava vazio.

5 comentários:

  1. Essa ância de vomito, nossa era tudo que se podia sentir, você acertou muito nesse texto, quero muito conversar um dia pessoalmente com você sobre seus textos, bjoss

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  2. ahha, caralho velho, me surpreendeu com o texto. Principalmente se eu contar que, de uma maneira ou de outra, me identifiquei muito com ele.

    Tá bom, muito bom mesmo!

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  3. Você tá cada vez mais sentimental. Isso é bom.

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  4. AHH

    e passa teu msn, que tenho um bagulho pra pegar com você, né...

    ou compartilhar, quem sabe..

    :b

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  5. giovane.pla@hotmail.com e para de falar de maconha aqui no blog
    auhauhuha

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