28.11.10

Samba de Sábado.

Eu, desiludido, observava de longe o carnaval que se formava no seu samba. Ah, esse bar semi-iluminado te convida pra sambar, morena. Você não aguenta, aguenta nada, nem resiste, e samba mesmo. Quem te ensinou a dançar desse jeito merece um beijo, então diz pra mim que é auto-didata, fala que aprendeu sozinha. Columbina, mexe com todo mundo quando nem quer mexer. Pra que querer? Dançando desse jeito, encanta brincando e eu, bobo, deixo você brincar, mesmo. Afinal, não dá pra perder com você. E aquele olhar, morena? Era pra mim? Espero que não, porque se foi, eu perdi tanto não indo. Ninguém, eu tenho certeza, vai fazer objeção se você continuar desfilando essas pernas, então não senta, não. Não tem pena de tirar tanto privilégio dos olhos alheios. Mas não tem jeito, morena. Pode ficar sentada que o bar ainda é seu, se depender de mim, pra sempre. Entre um gole e outro de caipirinha chego a pensar que até minha miopia você cura. Quem sabe... Porque, ah, tá pra nascer quem convença meus olhos de pararem de te olhar. A música começa de novo, você dá aos presentes o luxo de te ver à vontade mais um pouquinho, tão generosa. Ao se levantar, como eu imaginava, nenhuma objeção. Por sinal, um tal alguém entra no seu samba. Não faz ciúmes, não, samba a dois é mais bonito. Ele te conduz, tolo, quem conduz é você. Outro olhar, morena? Ah, não foi não, mas minha cabeça daria muita coisa pra ter certeza que sim. Se eu digo tanto de olho e de olhar, é porque não sei que mais eu poderia fazer, te chamo pra dançar? Bebi pouco ainda pra tanta coragem. Vou fumar, preciso de um descanso. O cigarro queima com prazer na boca, minha mente tá lá dentro, morena, sambando com você. Se eu pudesse... se eu tivesse... Jogo a bituca e corro pra dentro, você foi embora. Levo dez minutos pra engolir, foi mesmo. Não tem problema, não. O que ficou aqui dentro foi o seu samba, que samba... Me disseram que você também canta, meu deus, não canta, não, morena. Se você cantar como samba, juro que enlouqueço se ouvir. Fica assim num conto só e, quando eu quiser escrever um livro, ouço dez minutos da sua voz, quinhentas páginas me bastam.
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E eu que não tava dando um real pra minha tarde dopada, começo com uma noite encantadora, e termino com um dia fantástico. Nem mais cinco minutos?

5 comentários:

  1. oolha só, pelo jeito o sarau rendeu, heein!

    ou to endoidando aqui? ahah

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  2. q morena deveria ser essa hein meu amigo....hsuahsuahs

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  3. 1 - quase endoidando, foi depois do sarau a cena.
    2 - ah, era massa. mas talvez só boa aos olhos, mesmo.

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  4. humm....tipo uma ilusão, que se tornasse real seria digamos decepcionante.

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