"Não, eu não quero amar ninguém, não hoje, não agora. Por mais inevitável que isso seja, quero ficar alérgico ao amor por uns tempos. Talvez seja hora disso, quando a gente percebe que tem um milhão de bolas de pelos do passado entaladas na garganta, ou, quando a gente não compreende porque depois de alguns meses o "amor da sua vida" vira só mais objeto decorativo, que nem o vaso que a sua mãe pôs esses dias na frente da sua casa. Ontem eu estive pensando, que se for pra gente encarar o resto do tempo que passarmos juntos dessa forma, é melhor não encararmos mais nada de agora em diante. Não posso ficar com o pensamento de que "você vale a pena, mas não agora", ou que se eu te traísse, faria eu me acalmar em relação a você. Seria um desrespeito da minha parte contigo, e não acho certo fazer isso. Eu sei o que passamos e que era pra eu achar que as coisas tendem a ficarem calmas, mas não é isso que acontece dentro de mim. Dentro de mim, eu sou insultado por você, até quando sorri pra mim. Quando falo como foi o seu dia, eu fico esperando a hora em que você vai falar que um meteoro caiu em cima de você, ou que você percebeu que nosso relacionamento vai acabar. Mas você nunca fala isso e o que eu espero, nunca chega. Então, esse encargo de cuspir as verdades que existem fica comigo, mesmo. O trabalho de parecer um carrasco sem coração, é meu. Bons tempos aqueles... em que o golpe da misericórdia era considerado algo nobre, não vil. Será que é assim com você também? Todo esse amor, essa vontade de ficar perto, essa simpatia exagerada ao conversar são sinceros, ou é só um maneira desesperada de fazer com que as coisas pelo menos pareçam, já que não são, felizes?"
Julia sai do banheiro e sorri.
_Demorei?
_Não...
_O que ficou fazendo?
_Tava só pensando...
_No que?
_Ah, nada demais... Vamo tomar um café?
_Claro – e sorri novamente.
E os dois saem de mãos dadas.
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Acho que tô começando a achar estranho as coisas que eu penso. Comecei a escrever essa parada 6 e pouco da manhã, mas tive que deixar pra escrever o resto agora. Talvez por isso não tenha ficado tão bom, mas a idéia a ser exprimida foi a mesma. Quando a gente vê um casal junto, costuma achar uma coisa tão bonitinha e harmônica, se esquecendo que pode não ser assim. Não digo que nunca seja o felizes para sempre que parece, mas pode não ser. Aliás, acho que costuma não ser. Enquanto escrevia, ouvi só duas músicas. PDA e Stella Was A Diver And She Was Always Down, ambas do Interpol. O que já explica muita coisa.
PS: Eu sempre esqueço, mas as coisas que estão em negrito são links, clique.
Amor é o mais complicado da vida de se viver. Quem ama ou já amou, mas amou mesmo, de verdade, sabe. Alguns acham que amam, aí fica simples, quer quer, não quer tchau. E esses não conhecem a essência de ser complicado o amor. Sorte deles? Azar o deles? Eis a questão. Sou a favor de se experimentar todas as sensações possíveis, com a maior intensidade possível e necessária, sem medo de poder sentir. Mesmo que sofra, que me complique, vivi! E é claro que quando sufoca, é melhor cair fora. O amor, mais que um sentimento que se sente, é sentido, e quando não te agrada mais, começa a interferir no alheio. O melhor é desprender, antes que machuque. Ah! O amor...
ResponderExcluirnão tiro uma palavra sua, luana. só que meu amor anda meio velho reumático esses dias, hein?
ResponderExcluirLuana, parcialmente certa...
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