11.8.10

Mais um romance perfeito

"Não, eu não quero amar ninguém, não hoje, não agora. Por mais inevitável que isso seja, quero ficar alérgico ao amor por uns tempos. Talvez seja hora disso, quando a gente percebe que tem um milhão de bolas de pelos do passado entaladas na garganta, ou, quando a gente não compreende porque depois de alguns meses o "amor da sua vida" vira só mais objeto decorativo, que nem o vaso que a sua mãe pôs esses dias na frente da sua casa. Ontem eu estive pensando, que se for pra gente encarar o resto do tempo que passarmos juntos dessa forma, é melhor não encararmos mais nada de agora em diante. Não posso ficar com o pensamento de que "você vale a pena, mas não agora", ou que se eu te traísse, faria eu me acalmar em relação a você. Seria um desrespeito da minha parte contigo, e não acho certo fazer isso. Eu sei o que passamos e que era pra eu achar que as coisas tendem a ficarem calmas, mas não é isso que acontece dentro de mim. Dentro de mim, eu sou insultado por você, até quando sorri pra mim. Quando falo como foi o seu dia, eu fico esperando a hora em que você vai falar que um meteoro caiu em cima de você, ou que você percebeu que nosso relacionamento vai acabar. Mas você nunca fala isso e o que eu espero, nunca chega. Então, esse encargo de cuspir as verdades que existem fica comigo, mesmo. O trabalho de parecer um carrasco sem coração, é meu. Bons tempos aqueles... em que o golpe da misericórdia era considerado algo nobre, não vil. Será que é assim com você também? Todo esse amor, essa vontade de ficar perto, essa simpatia exagerada ao conversar são sinceros, ou é só um maneira desesperada de fazer com que as coisas pelo menos pareçam, já que não são, felizes?"

Julia sai do banheiro e sorri.
_Demorei?
_Não...
_O que ficou fazendo?
_Tava só pensando...
_No que?
_Ah, nada demais... Vamo tomar um café?
_Claro – e sorri novamente.

E os dois saem de mãos dadas.

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Acho que tô começando a achar estranho as coisas que eu penso. Comecei a escrever essa parada 6 e pouco da manhã, mas tive que deixar pra escrever o resto agora. Talvez por isso não tenha ficado tão bom, mas a idéia a ser exprimida foi a mesma. Quando a gente vê um casal junto, costuma achar uma coisa tão bonitinha e harmônica, se esquecendo que pode não ser assim. Não digo que nunca seja o felizes para sempre que parece, mas pode não ser. Aliás, acho que costuma não ser. Enquanto escrevia, ouvi só duas músicas. PDA e Stella Was A Diver And She Was Always Down, ambas do Interpol. O que já explica muita coisa.

PS: Eu sempre esqueço, mas as coisas que estão em negrito são links, clique.

3 comentários:

  1. Amor é o mais complicado da vida de se viver. Quem ama ou já amou, mas amou mesmo, de verdade, sabe. Alguns acham que amam, aí fica simples, quer quer, não quer tchau. E esses não conhecem a essência de ser complicado o amor. Sorte deles? Azar o deles? Eis a questão. Sou a favor de se experimentar todas as sensações possíveis, com a maior intensidade possível e necessária, sem medo de poder sentir. Mesmo que sofra, que me complique, vivi! E é claro que quando sufoca, é melhor cair fora. O amor, mais que um sentimento que se sente, é sentido, e quando não te agrada mais, começa a interferir no alheio. O melhor é desprender, antes que machuque. Ah! O amor...

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  2. não tiro uma palavra sua, luana. só que meu amor anda meio velho reumático esses dias, hein?

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